Uma #AnálisePop sobre a decadência do identitarismo no BBB e em nossas vidas.
Identitarismo, que eu apelidei de ativismo narcisista, é o ativismo que coloca as experiências, dores e necessidades individuais acima de tudo.
“Eu vivo isso, então eu sei melhor do que ninguém”.
“Você é diferente de mim, então não tem lugar de fala.”
“Cala a boca, privilegiado(a)…”
“A minha vitória é a vitória de todas as pessoas que se parecem comigo!”
“E, se você não pensa assim, então é _____ (insira: machista, racista, gordofóbico, transfóbico) e torce contra todo o meu ‘grupo’”.
Para essas pessoas, elas representam uma causa inteira e a própria causa é, de longe, a mais importante e urgente de todas.
Portanto, não podem ser contrariadas e vão usar chantagem emocional política para garantir isso, mesmo em situações que são individuais e não coletivas.
E O QUE ISSO TEM A VER COM BBB?
O discurso identitário reinou em 2021.
Desavenças pessoais foram pintadas como ataques discriminatórios, ativistas feministas se reuniram para atacar uma mulher, mulheres bissexuais acharam de bom tom questionar a bissexualidade alheia.
E assim… a hipocrisia do ativismo narcisista ficou escancarada, para milhões de pessoas verem no reality show mais assistido do país.
Foi um balde de água fria no tanque conservador e já cheio de ódio contra tudo que é “progressista”.
OS RESULTADOS?
☑️ Validação para discursos que silenciam questões sociais.
☑️ Exaustão para quaisquer questionamentos, mesmo válidos, sobre a sociedade.
☑️ Mais um argumento para a conversão assustadora da juventude para o conservadorismo, o antifeminismo, a heterossexualidade compulsória, os “valores antigos”.
☑️ Em pleno ano de eleições, um BBB22 que exalta a branquitude, a masculinidade e a “família” acima de tudo.
E OS RESULTADOS NO BBB?
O BBB22 foi a edição mais masculina em anos.
E também forçou a bolha ativista narcisista a lidar com a realidade: o “sofá”, o “brasileiro médio” ainda ama e defente muito mais facilmente homens, principalmente brancos.
Arthur move exércitos apaixonados, liderados por mulheres.
Eliezer garantiu seu lugar na reta final do programa.
Todos os 6 eliminados que saíram com + de 80% de rejeição eram mulheres.
Scooby, P.A., D.G. e Arthur conseguem usar a paternidade como um ponto positivo para eles (“são pais de família!!!”), numa edição que não teve nenhuma mãe. E, se tivesse, ela dificilmente poderia adotar “deixar filhos pequenos em casa” como um forte argumento ao seu favor.
O discurso identitário da torcida da carismática Linn da Quebrada a prejudicou no jogo.
PARA APRENDER, REFLETIR E REPASSAR
Qual a representatividade que queremos?
Representatividade é importante, mas é necessário saber diferenciar:
Representatividade simbólica ou inspiracional
“Essa pessoa chegou longe e se parece comigo! Então, eu posso chegar lá também!”
Representatividade concreta ou real
“Essa pessoa chegou longe e está comprometida a transformar a realidade para que outras cheguem também!”
O identitarismo é uma pedra no sapato do ativismo político, coletivo e comprometido com um futuro melhor para o maior número possível de pessoas.
Uma estratégia a repensar: no BBB, nas redes sociais e nas campanhas políticas neste ano de eleições.
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Compartilhe e convide pessoas a repensarem o identitarismo no BBB e na vida.