No dia a dia, nossas referências incentivam a rivalidade feminina das mais diferentes formas – no cinema, nos livros, nas músicas, nos conselhos que a gente ouve na infância, nas nossas referências de sucesso e de vilãs. Mas a quem serve a rivalidade feminina?
Às mulheres, certamente, não. A rivalidade é uma expressão e opressão do patriarcado. Uma ferramenta bem eficaz para alienar, despolitizar e afastar mulheres.
Além disso, é uma doutrinação que começa desde cedo.
A reprodução da rivalidade feminina pela sociedade!
A madrasta tem inveja da princesa.
A novata é mais inteligente, bonita e gentil que a menina mais popular do colégio.
Aprendemos a ter orgulho de pensar “sou diferente das outras”.
E por isso, vamos conversar sobre a visão distorcida de que outras mulheres são nossas rivais, concorrentes.
Precisamos competir no trabalho, no amor, na amizade, na beleza e, chocante, eu sei, também no feminismo.
O que aprendemos a vida toda não desaparece no ar porque conhecemos o feminismo.
A raiva e a competição com outras mulheres só dá uma repaginada. Afinal, o sucesso feminino é pintado como excludente: para uma mulher brilhar, outras precisam ser desmascaradas como farsas. Pois é. Igual aquele filme de ensino médio ou às madrastas más das histórias.
A rivalidade fica e, com ela, o simplismo com que as mulheres são julgadas. Inclusive por outras mulheres.
Fada sensata.
Perfeita, sem defeitos.
Ou biscoiteira, desserviço, oportunista.
Umas ainda estão presas no “ela não é tudo isso” para a mulher que faz sucesso, que é vista como inteligente ou talentosa.
Outras, transformam essa competição em “ela não é feminista de verdade” e transformam erros em provas concretas da hipocrisia da até então aliada. A lógica é a mesma: os erros femininos continuam sendo julgados com punho de ferro.
Não é sobre “passar a mão na cabeça” só porque é feminista. E, sim, entender que mulheres não são *inimigas* e nem produtos em vitrines. Descartáveis, quando já não realizam as expectativas alheias. Competindo no mostruário com outros produtos também substituíveis.
Por fim, chegamos ao 7º episódio, do olá, bruxas! e nesse episódio convidei a cantora e atriz, Julia Konrad, para bater um papo sobre rivalidade feminina.
Questione-se! Será que você reproduz a rivalidade feminina?
Você sente um prazer escondido ao cancelar outras mulheres?
Uma feminista já invalidou seu ativismo por uma discordância?
Você identifica rivalidade feminina em seus julgamentos?
Pois é. O assunto é longo e precisa chegar em mais mulheres.
COMO ACABAR COM A RIVALIDADE FEMININA?
– Será que estamos investindo nosso tempo e esforço nas pessoas certas?
Representatividade política, na liderança, na mídia – contratar, indicar mulheres – normalizar o sucesso feminino.
Não elogiar com comparação.
Não cobrar de mulheres a perfeição.
QUEM É JÚLIA KONRAD?
OLÁ, BRUXAS
É um podcast onde conversamos sobre feminismo e nordestinidade. Estamos na segunda temporada, focada nas questões da socialização feminina.
Por isso, no episódio #7, junto a Julia Konrad, falamos sobre a rivalidade feminina.
Ouça na íntegra o episódio e reflita mais profundamente sobre o assunto.