Resumo dos primeiros 15 dias do BBB23, maior reality show do Brasil, e o que podemos aprender com isso. Um boletim pop especial, por Clara Fagundes.
Homens adultos não são meninos
“Moleque de bom coração”.
“É um meninão.”
“Quem nunca errou? É moleque novo!”
O instinto de minimizar erros masculinos infantilizando homens adultos é grande e segue firme, mas nesta edição não foi suficiente para evitar a eliminação de Gabriel.
Podem me chamar de otimista, mas o resultado num paredão com uma mulher e um homem negro teve gostinho de evolução, principalmente em comparação dos BBB22 e BBB21.
Abuso não é entretenimento
A agressividade de Gabriel em relação a Bruna, com gestos e falas inaceitáveis, ativou o alerta de relacionamento tóxico logo na primeira semana.
E a Globo decidiu interceder antes de se tornar algo mais grave. Pela 1ª vez, o limite ficou claro: abuso não é entretenimento.
Mesmo sem entender a dimensão do que estava acontecendo, Bruna foi protegida pela direção do programa e acolhida pelas participantes.
Um abraço simbólico em tantas mulheres que já passaram por situações parecidas – e não tiveram o mesmo desfecho.
Homens defendem homens
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Nem mesmo o alerta inédito de Tadeu sobre Gabriel e o risco de se queimar no jogo pararam a maior verdade do patriarcado: homens defendem homens.
Da defesa intensa de Guimê no Jogo da Discórdia ao “a mulher sempre recebe amparo, não vamos virar as costas pra ele” de Ricardo, Gabriel foi acolhido por homens quase imediatamente.
Se isso acontece no BBB, imagine o que acontece quando não existem câmeras e nem o perigo de perder a chance de se tornar milionário com essa defesa…
“Não” não é ofensa
No Jogo da Discórdia, Cézar Black apontou que teve um “problema” com Tina.
O “problema”: Tina disse não quando ele pediu para usar as laces dela na festa.
“Eu me senti ofendido” – ele insistiu.
Não não é uma ofensa. É uma resposta. Se o seu pedido não pode ser negado – é um pedido ou uma imposição?
Mulheres aprenderam a dizer sim.
Homens aprenderam a ouvir sim.
Foi reconfortante ver Tina sustentar o não, a despeito da incredulidade de Black, que inclusive fez questão de debochar dela com seu grupo depois.
Tudo bem, impor limites vai mesmo incomodar alguns, mas vale a pena.
Relacionamento tóxico não é exceção
Uma perspectiva triste: a maioria das participantes já viveu um relacionamento tóxico. É assustador notar como algo que nem deveria acontecer é comum. Marvvila, Key, Bruna e Aline foram só algumas das sisters a mencionar terem vivido relações assim antes de entrar na casa.
E aqui fora…
Quantas amigas, vizinhas, conhecidas, mulheres que você admira vivem ou viveram um relacionamento tóxico?
Sororidade na prática
Mulheres deixando de lado suas diferenças, seu lado no jogo, para acolher uma mulher que estava vivendo um relacionamento tóxico. Foi potente, lindo e queremos ver mais e mais disso – lá dentro e aqui fora.
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