Mina Inspira: Bee Reis, da For All Types (F.A.T.)

Bee Reis ☀️ For All Types (F.A.T.)

Em fevereiro, lancei a série Mina Inspira, com um post sobre a arte linda de Camila Averbeck. Para o segundo post da série, convidei Bee Reis, da For All Types, para ser a Mina Inspira(dora) de março, o mês da mulher, que já está terminando. Bee é uma ativista feminista e contra a gordofobia, dona da For All Types (F.A.T.), uma marca infinitamente massa de lingerie e moda praia para mulheres que usam acima do 46. Para a próxima coleção ela já prometeu surpresas e roupas para o dia a dia. Não, o fato de eu não fazer parte do público alvo de Bee não atrapalha em nada a minha admiração por ela e pela marca: ela é uma pessoa incrível e as peças são muito lindas e em tamanhos que a gente nunca vê nos lugares. Foi por isso que a entrevista girou em torno das ideias que ela defende, das suas experiências como mulher gorda que consome e produz moda e dos desafios de abrir a própria marca.

Espero que cês gostem! Me contem o que acharam nos comentários ☀️

Bee, a For All Types é incrível. Onde você costuma encontrar as suas inspirações?

Então, o que vem na minha cabeça de primeira é: “que peças super legais não existem para gordas?”, normalmente coisas que eu mesma estou com vontade de usar e não acho por aí. Então é isso, o mercado é tão carente que ainda nem faço um super trabalho de design – apenas na parte do desenvolvimento do produto para melhor conforto, mas no visual ainda está nisso. Isso vai mudar com as roupas.

E quando surgiu a ideia de criar a For All Types?

Em meados de setembro de 2014 surgiu a ideia do nome e de criar a marca, mas só começou a tomar corpo mesmo quando eu vi que o mercado não estava atendendo as meninas direito. Tem toda uma ilusão em cima desse negócio de “plus size” (mercado que não me representa de forma alguma), de que está realmente trazendo algo quando na verdade o que ele traz é mais segregação – a ideia de que você pode sim ser gorda, desde que tenha o corpo dentro de certas “normais aceitáveis”, e mais do que isso você é excluída completamente. É degradante. Então considero a For All Types longe disso.

Você se sente representada em mais alguma área da moda além da sua marca?

Não muitas, acho que conto nos dedos de uma mão. Mas é pra isso que eu trabalho, né, e sei que outras pessoas também trabalham pra isso, então ISSO VAI MUDAR UM DIA, sei que vai!

E como você vê o futuro da representatividade da mulher gorda? (Você acredita que o padrão modelo plus-size atual vai mudar?)

Olha, as pessoas estão precisando entender o sentido de “representatividade importa”. Não é apenas no visual, e sim no discurso também. Eu não quero ver apenas uma modelo gorda ali, eu quero uma modelo gorda que mostre o orgulho que tem do próprio corpo.Quero me sentir representada por toda uma ideia, não apenas botar uma pessoa ali que tem o meu tamanho e está vestindo algo nada a ver. Como eu sou a favor da abolição desse mercado, eu não estou dando muita bola pro “padrão modelo plus size”, inclusive não discordo que 42 é plus size num padrão 34. Eu quero é ver mais modelos no mercado das gordas, no mercado gordo, num FAT SIZE mesmo.

Eu tenho percebido um aumento bem interessante de meninas que levantam a voz para dizer “nós podemos e nós vamos usar o que quisermos!” Quando você acha que isso começou/se intensificou?

Acho que a parte boa do movimento que se liberta do tal padrão estético, embora ele não contemple gordas inteiramente, é essa. Porque uma gorda pode e deve adaptar esse discurso para o próprio corpo. Então de uns 2 anos pra cá está cada vez maior essa vibe de “eu posso sim”, e isso é ótimo! Porque realmente podem sim.

O que você diria para inspirar meninas que ainda não conseguiram se libertar assim ou já sofreram ataques só porque expuseram o próprio corpo?

Vou ser bem honesta com você, eu não sei fazer frases inspiracionais nem nada assim. Se por algum acaso alguma menina me tem como algum tipo de inspiração, acho que é exatamente pela vibe “meu corpo é normal” que eu tenho com meu próprio corpo. Então eu diria algo do tipo “é normal ser gorda. É normal tirar a foto que você quiser. Anormal é quem quer colocar isso como se fosse alguma coisa demais, sinceramente não é. O mundo e a sociedade são ferrados, não você. E que se danem.”

Quais são os erros mais comuns de marcas que produzem peças plus size?

Olha… A modelagem quase nunca é pensada para pessoas gordas. Ou é algo apenas aumentado, ou tem detalhes que são IMPENSÁVEIS pra pessoas gordas por pura questão de conforto (por exemplo: alças finas e poucos ganchos de fechar nas lingeries, calcinhas que deixam a gordura da barriga sair pro lado. DÓI. é desconfortável ficar com algo apertando as gorduras ali). Na verdade na minha opinião falta inteligência, porque é só conversar com uma pessoa gorda por 20 minutos pra resolver tudo isso, e ninguém conversa.

Que marcas com tamanhos grandes são sucesso e você recomenda pras leitoras do Declara?

Hmmmm, tá complicado. Eu só indico quem faz tamanho 60 ou maior, pra mim menos que isso já é pouca vergonha (haha), então vamos ver… Recomendaria a Kely Kisielevski, da marca kisielevski, porque comprei um vestido com ela ontem e achei muito bom. Heheheheh

☀️ Para acompanhar o trabalho de Bee! ☀️
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27 anos, nordestina em SP, publicitária graduada e pós graduada pela USP, escritora e apaixonadíssima por moda, cinema, viajar e sorvete. Fico entediada bem rapidinho com as coisas, então, costumo fazer várias ao mesmo tempo. Vivo à procura de encanto.

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