Não é raro encontrar filmes bons, filmes incríveis, filmes que emocionam. Difícil mesmo, para mim, é encontrar filmes bons, incríveis, que emocionam… E têm final feliz. A tristeza é mais poética, a violência é mais tocante e a solidão é mais singela do que a alegria, né? Mas nem sempre estamos a fim de ver filmes tristes ou violentos. Às vezes, tudo o que a gente quer é ver um filme com final feliz e de qualidade, ao mesmo tempo. Para alegria de todos e felicidade geral da nação (de leitores do blog), vivo em busca de bons filmes felizes – para variar dos filmes felizes idiotas que são lançados ano após ano – e decidi fazer uma série só sobre eles no DeClara. Esse primeiro post é uma homenagem a Bruno (beijo, Brunito!), uma das minhas pessoas favoritas do mundo.
Filmes felizes para acabar com a bad em algumas horas
Begin Again (Mesmo se nada der certo)
País: EUA.
Mesmo se nada der certo conta as histórias paralelas de Dan (o maravilindo Mark Ruffalo) e Gretta (Keira Knightley). O primeiro, um produtor musical talentoso, mas auto-destrutivo, divorciado e recém-desempregado. A segunda, uma música que acabou de descobrir a traição do ex-namorado popstar global e acaba indo morar no apartamento minúsculo de um amigo (interpretado pelo queridinho James Corden!). Resumindo bem, é um filme sobre música, recomeços e relacionamentos humanos. Você vai assistir às vidas dos dois se cruzarem em uma das melhores cenas sobre música das últimas décadas. A partir daí, Dan passa a produzir o primeiro álbum de Gretta. Begin Again é um dos poucos filmes felizes em que o significado de ser feliz é contestado. Numa das várias ótimas falas desse roteiro iluminado, Dan explica que ama a música porque ela consegue transformar uma cena simples em pérolas de beleza e preencher o banal de significado. E esse diálogo não poderia ser mais metalinguístico. Mesmo se nada der certo é simples, mas, em meio ao amor à música, à boa construção da relação dos protagonistas e à magia dos detalhes, vira um filme efervescente de se ver. Disponível no Netflix.
A Little Chaos (Um pouco de caos)
País: Inglaterra.
Dirigido pelo maravilhoso Alan Rickman (sim, Snape), Um pouco de caos é um filme sensível, de roteiro simples e que funciona em cada detalhe. O roteiro, a trilha, o elenco (com direito ao próprio Rickman, além de Kate Winslet e Matthias Schoenaerts), o figurino, a fotografia, a edição de arte… Tudo nesse filme é impecável. O rei (Rickman) deseja construir novos jardins em uma propriedade e, para isso, abre uma seleção para encontrar um novo urbanista real. É quando a viúva Sabine de Barra (Winslet), uma mulher à frente do seu tempo, chama a atenção pelos seus desenhos. O filme é pura poesia, analogias e detalhes sutis. Como uma rosa, Sabine conquista o seu espaço na corte e no coração de Andrè le Notre (Schoenaerts). A personagem, como todas de Winslet, tem uma profundidade que abraça a alma. A Little Chaos é perfeito para quem também ama os filmes felizes baseados nos livros de Jane Austen.
Dope (Um Deslize Perigoso)
País: EUA.
O roteirista e diretor Rick Famuyiwa, de “Confirmation”, chega ao auge da carreira com Dope. O filme narra o último ano do ensino médio de um grupo de geeks norte-americanosnegros, pobres e completamente apaixonados pelo hip-hop dos anos 90. A trama começa, de fato, quando eles se metem no lugar errado, na hora errada. Como em Begin Again, a trilha é uma das estrelas do longa. Dope é um filme colorido, em todos os sentidos, e trata de temas como preconceito, amadurecimento, ambição e sonhos. Tudo isso com uma leveza que te faz torcer por Malcolm, Diggy e Jib, dar algumas boas risadas e pensar: “que filme inteligente!” É um daqueles filmes felizes em que o tempo passa sem você perceber. Dope usa a linguagem das ruas e da música para falar de valores universais e construções sociais, mas sempre de maneira latente, nostálgica e esperançosa. A última cena é uma das melhores que eu já vi sobre questionar o racismo da sociedade. É de prender a respiração!
But I’m a Cheerleader (Nunca fui santa)
País: EUA.
Mais um da série de filmes felizes e leves sobre temas pesados e tristes. But I’m a Cheerleader é uma sátira completa, cheia de cutucadas em todos os tipos de mitos e visões deturpadas dos homofóbicos. É a história de Megan, super popular, líder de torcida, super feminina… Que se descobre lésbica. Quando conta à família conservadora, ela é enviada ao acampamento True Direction, que promete ter inventado a Cura Gay™. Lá, conhece Graham (a Ladybugger de Ten Inch Hero), além de novos amigos, com as mais diferentes histórias. Leve, bonito e sagaz, But I’m a Cheerleader (porque me recuso a aceitar esse “Nunca fui santa” preconceituosinho) é um dos poucos filmes com temática gay que me convenceu de verdade. Por um simples motivo: não é preconceituoso. É um filme que fala do contexto que cerca as duas meninas. Mas, principalmente, do afeto entre elas, que é como o de qualquer outro casal. Uma gracinha de assistir, o filme tem um elenco excelente (btw, a protagonista é Natasha Lyonne, Nicky em OITNB), uma fotografia lindinha em tons pastéis e uma trilha sonora fofíssima. A direção é da competente Jamie Babbit.
Une Bouteille à la Mer (Uma garrafa no mar de Gaza)
País: França, Israel.
Do diretor Thierry Binisti e baseado no livro de Valerie Zenatti, Uma garrafa no mar de Gaza é um conto sobre esperança. A judia Tal (Agathe Bonitzer), que morava em Paris, volta a viver em Israel e não consegue entender – ou aceitar – o medo rotineiro de atentados em Jerusalém. Do outro lado do muro, está Naim (Mahmud Shalaby), jovem muçulmano que perdeu quase toda a família para a guerra. Tal envia uma mensagem dentro de uma garrafa pelo mar, questionando o ódio entre judeus e palestinos. Naim resgata a garrafa e decide responder a tentativa de comunicação. Não consigo imaginar um enredo mais esperançoso do que esse que, desde o início, acredita na possibilidade real de diálogo entre os dois lados e aproxima personagens tão distintos. Talvez o grande trunfo do diretor seja a capacidade de descrever um conflito e suas vítimas sem pender para um dos lados – e nem te obrigar a escolher. Na falta de outros adjetivos, diria que Une Bouteille à la Mer é doce. Tá no Netflix.
Para mais filmes felizes incríveis, assista aos primeiros 7 filmes dessa lista.
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