☀ Procura-se: amigos reais ☀
Amigos reais não são os famosos “amigos verdadeiros”, em oposição aos “amigos falsos”. Até porque não acredito no conceito de “amigo verdadeiro”. Ou é, ou não é amigo – e é simples assim. Os amigos reais, aqui, são os amigos que não são virtuais. Não, não tenho nada contra amigos virtuais. Inclusive, tenho/sou, já que moro em São Paulo, mas os meus grandes amigos de infância estão todos em Sergipe. Contudo, todos eles são – como eu sou – amigos virtuais por ocasião, não opção.
Ops. Troquei os pés pelas mãos e o post já foi rápido demais. Vou recomeçar.
Olá, sou Clara Fagundes e mais da metade das amizades que fiz depois dos 20 anos começou com um “oi, tudo bem? vamos sair para fazer algo?” ou um “acho que seríamos boas amigas”. Simples assim. Há quem diga que iniciar amizades na vida adulta é dificílimo. Já eu acho que as pessoas têm medo umas das outras. O novo termo da modinha “friend crush” ilustra isso bem. Ele descreve alguém de quem você queria muito ser amigo, mas não é. Geralmente, ele se refere não a alguma celebrity ou it-girl distante, mas a alguém com quem a pessoa possui algum vínculo razoavelmente próximo. Amigo do Facebook, colega de trabalho, ex-chefe, namorada do amigo, vizinha descolada. São diversas as modalidades de “friend crush”, mas o receio de quebrar o gelo e lançar um O-I-E é comum a todas elas.
“Há quem diga que iniciar amizades na vida adulta é dificílimo. Já eu acho que as pessoas têm medo umas das outras. O novo termo “friend crush” ilustra isso bem.”
Pois bem. O texto acabou de chegar numa bifurcação. Em dúvida entre seguir pela rota que fala sobre os amigos reais ou sobre como fazer novas amizades, falarei dos dois. Não feche a aba ainda, prometo ser coesa.
Inicio amizades com “oi! vamos sair?” porque acredito que o tempo é valioso e o tempo passado junto vale muito mais do que mensagens trocadas no Whatsapp. Mais do que isso: o tempo é um presente, que entregamos a quem achamos que merece. Encontrar alguém que acredite nisso, como eu, é um dos meus valores-base ao iniciar – e ao manter – uma amizade. Não vou me aprofundar no assunto porque já escrevi sobre os sinais de como identificar um amigo para a vida inteira aqui.
Eu sei. Essa maneira de encarar o tempo é, no mínimo, diferentona. Parece incoerente compreender a preciosidade do tempo e considerá-lo ponto de partida para a fundação de uma *amizade real*, ao mesmo tempo. Mas não é. Num período de relações líquidas e obsolescência programada compulsória, busco relações que não se liquefaçam junto com o resto do mundo. Na chamada modernidade líquida, um conceito do sociólogo Bauman, a fluidez é o estado natural das relações, desejos e ideias do Ocidente.
Millenials como somos, respiramos modernidade líquida, querendo ou não. Nada mais instintivo, portanto, do que buscar relações que ainda são chão. Os retornos ao artesanal, ao vintage, às origens, que temos presenciado nos últimos anos, também são respostas ao fenômeno. É importante notar que nenhuma dessas ondas exclui o virtual, o massivo, a velocidade moderna. Da mesma maneira, buscar relações diferentes não exclui as relações leves. Sempre haverá a afinidade gratuita que não é aprofundada em amizade, os colegas de trabalho com quem o maior vínculo é mesmo a convivência, os vizinhos sorridentes que têm estilos de vida completamente distintos do seu. Exatamente porque sempre haverá infinitos tipos de relações levinhas, as amizades reais são cada vez mais preciosas.
“Millenials como somos, respiramos modernidade líquida, querendo ou não. Nada mais instintivo, portanto, do que buscar relações que ainda são chão.”
Analisados o conceito de amigos reais, as razões de sua raridade – e do seu valor – e as diferenças que existem em relação às outras amizades e relações que nutrimos naturalmente numa sociedade em plena modernidade líquida, é hora de voltar ao tópico “como fazer amigos”.
A arte de conquistar seu friend crush, fazer amigos após a faculdade ou até durante a escola, para os mais tímidos, tem seus truques e atalhos.
Como fazer amigos
- Tome o primeiro passo. Chame a pessoa por inbox, mande um SMS, um e-mail, sinal de fumaça.
- Faça elogios sinceros.
- Tenha interesse pelo que a pessoa diz. É como Dale Carnegie dizia: “Você pode fazer mais amigos em dois meses se interessando pelos outros do que em dois anos tentando fazer com que eles se interessem por você.”
- Faça parte de um grupo do livro, de estudos ou de qualquer grupo que reúna pessoas com interesses em comum.
- Matricule-se em um esporte coletivo.
- Faça trabalho voluntário (faça amigos enquanto ajuda a mudar o mundo!)
- Julgue o seu amigo como queria ser julgado pelos outros. Ou seja, não julgue. O mundo inteiro já vai fazer isso com vocês dois.
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